sábado, 9 de junho de 2018

Beleza

O país que produziu figuras tristes - de ridículas memórias - e que vociferaram expressões medíocres, mas que entrarão para a história ["Com o Supremo, com tudo", "Tem que manter isso aí, viu?", "Tem que ser um que a gente manda matar antes de delatar", "Não tenho prova cabal contra o réu mas vou condená-lo porque a literatura jurídica me permite" e "O de sempre"], também produz pessoas com extrema sensibilidade e grande capacidade de produzir obras de arte. A lista de autores de belíssimas obras é imensa, nesse blog mesmo já reproduzimos alguns textos memoráveis de diversos brasileiros. Ler umas poucas dessas criações é um alento nesses tempos de desilusão. Abaixo reproduzimos o verso 'A beleza' do repentista pernambucano Oliveira Francisco de Melo, o Oliveira de Panelas:

A beleza é dos seres mais sagrados!
Da mãe dócil, que ama e amamenta,
Do amigo pastor que apascenta
Seu rebanho nos campos perfumados,
Nos amantes fiéis apaixonados
Onde pulsa do espírito, ao coração,
Fascinante, inaudível vibração,
Ritmando a orquestra sideral

Silhueta de estética angelical,
Tem seu corpo abstrato, a perfeição.


Na mais alta e profunda incandescência
Onde o cósmico segredo se revela,
Há quem veja a beleza inda mais bela
Quando a luz faz na onda a convergência,
Nos sutil despertar da inocência
No nascer majestoso de uma flor,
No bailar invisível do olor
Recebendo da brisa a baforada,
A mais linda beleza é encontrada
No cristal da pureza do amor.

No amor, na verdade e na pureza,
Na grandeza do bem que se oferece,
No espírito das leis da máxima prece
Onde a fé é o símbolo da grandeza,
A essência da alma da beleza
Vem do fruto do Reino Universal,
Nunca o tempo verá o seu final
Desta filha das forças portentosas,
Sinfonia das leis harmoniosas
Da perpétua Invenção Celestial.