segunda-feira, 14 de junho de 2021

Solaris

Solaris pode ser visto de várias formas, como o dilema entre a lógica e conhecimento e a humanidade do ser humano. "Na busca pela verdade, o homem encontra o conhecimento". A busca não é fácil, é bem difícil na verdade, é angustiante. Angustiante como a viagem de carro que o psicólogo Kris faz de uma cidade a outra, ainda na Terra. Além disso, no caminho da verdade, o homem tem que superar os seus medos (um pouco como o garotinho que fala para a sua mãe do medo que sente do cavalo, para ele desconhecido, que encontrava-se no fundo da casa) e a depressão oriunda da falta de esperança no futuro. O suicídio como a resposta última ao absurdo da vida, ao peso do fardo de se respirar e não ter uma plena consciência do seu passado e, portanto, de possuir um desconhecimento de si mesmo no presente. A ressurreição como símbolo da transcendência da vida; e o amor, que vence as barreiras do tempo e da morte, como se fosse o único remédio para a angústia da vida.

Numa estação espacial em torno de Solaris, um planeta com um oceano que, sob nuvens, muda constantemente de aspecto, as pessoas começam a enlouquecer. O psicólogo Kris é escalado para investigar. Lá chegando descobre que acontecimentos estranhos começaram a ocorrer após a estação realizar pesados bombardeios de raios-X sobre o planeta. As poucas pessoas que ainda encontram-se na estação acreditam que o oceano é um ser vivo que materializa imagens para os astronautas da estação, de acordo com os seus medos e os seus desejos. Kris encontra a sua esposa Karin, morta há dez anos, em seu quarto. Ele tenta se livrar dela, lançando-a ao espaço, mas ela retorna. No retorno, Karin morre novamente, mas ressuscita. Sendo uma materialização criada pela inteligência do planeta, ela não lembra bem de certos detalhes de sua vida passada com Kris. Isso lhe dá tristeza e também uma consciência de que não é completamente humana. Mas ela reconhece que com a tristeza que sente e as lembranças de sofrimentos, está se tornando humana. Eis um rápido resumo do enredo de Solaris, de Andrei Tarkovski.


O conhecimento pode ser conquistado a qualquer custo ou o conhecimento só é válido quando baseado na moralidade? Tem o homem o direito de destruir outras formas de vida? Essas são algumas poucas questões numa história com mistérios, milagres e dúvidas a respeito do que realmente significa sermos humanos. E também sobre os limites entre a realidade e os desejos.


Ficha técnica: Solaris. Direção: Andrei Tarkovski (Itália, 1972, 165 min). Roteiro: Andrei Tarkovski, Fridrich Gorenchtein, com argumento baseado no romance homônimo de Stanislaw Lem. Fotografia: Vadim Yusov; música: Eduard Artemev; cenografia: Micahil Romadin. Atores: Donatas Banionis, Natalia Bondarchuk, Yuri Yarvet, Anatoli Yarvet, Anatoli Solonitsyn. 

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