quarta-feira, 4 de novembro de 2020

A Minha Cantiga

O poema a seguir, A Minha Cantiga, de Rabindranath Tagore, é dedicado àquelas antigas crianças que subiam no barco que iria partir, que dormiam com o balanço da rede ouvindo a história da Chapeuzinho Vermelho repetida centenas deliciosas vezes, que assistiam ao desenho animado da Branca de Neve, que esperavam o pai para tirar uma dúvida em qualquer matéria que ele dizia invariavelmente que era a sua especialidade, que arrodeavam o estacionamento do prédio ouvindo uma história dos 'dois irmãos' e suas capas de invisibilidade. É dedicado às crianças que se divertiram tomando banho numa piscina armada no meio de um quarto e que contavam o resumo das histórias das primeiras leituras. Eis o poema:

Esta minha cantiga estende a sua música em torno de ti, meu filho, como afetuosos abraços de amor.

Esta minha cantiga passa pelo teu rosto como um beijo de bênção.

Quando estás sozinho, ela está perto de ti e murmura ao teu ouvido. Quando estás na multidão, ela te protege.

A minha canção é como as asas do teu sonho e transporta teu coração aos limites do desconhecido.

Enquanto a noite escura envolve a estrada, ela brilha sobre tua cabeça como estrela fiel.

A minha canção está na pupila dos teus olhos e leva-te longe, revelando-te o coração das coisas. E quando a minha voz estiver muda na morte, a minha cantiga ainda viverá em teu coração. 

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