terça-feira, 29 de dezembro de 2020

Centenário de Eric Rohmer

Esse ano comemorou-se o centenário de nascimento de Eric Rohmer, nascido em 21 de março de 1920 como Jean-Marie Maurice Schérer, importante cineasta francês que foi um dos participantes do grupo denominado Nouvelle Vague e editor da influente revista Cahiers du Cinéma. Entre as várias obras do diretor destacam-se seis dirigidas por ele na década de 1980, que ele denominou de "Comédias e Provérbios". Os filmes dessa série são os seguintes: A mulher do aviador (1981), O casamento perfeito (1982), Pauline na praia (1983), As noites de lua cheia (1984), O raio verde (1986) e O amigo de minha amiga (1987). Abaixo, um breve resumo de cada um deles. 

O primeiro da série, A mulher do aviador, é um ótimo filme. Baseado no provérbio "É impossível não pensar em nada", trata de um dia na vida de um jovem apaixonado, que está sendo corroído pelo ciúme. Sobre esse filme já fizemos uma postagem para esse blog (12/10/2020). De certa forma, essa primeira película revisita uma obra de 1967 de Eric Rohmer, A Colecionadora, com Patrick Bouchou, Haydée Politoff e Daniel Pommereulle, na qual o enredo também gira em torno de um triângulo amoroso (tema que aparecerá novamente em Pauline na Praia).

O segundo filme da série, O casamento perfeito, está baseado em um provérbio de La Fontaine, "Quel esprit ne bat la campagne? Qui ne fait châteaux en Espagne?", ou "Qual o espírito que não divaga? Que não constrói castelos na Espanha?" É a história de uma jovem estudante de arte que sonha em realizar um bom casamento apesar das decepções amorosas que acumula ao longo do tempo. Sabine (Béatrice Romand) rompe com o seu amante e resolve se casar, mesmo que seja com alguém que ela não conheça bem. Obviamente, a chance de uma tal atitude dar certo não é muito grande, e com ela vêm novas decepções.

O terceiro filme, Pauline na Praia, é baseado no provérbio de Chr. de Troyes, "Qui trop, parole, il se mesfait", ou "Quem muito fala, prejudica a si mesmo". As atrizes principais são Amanda Langlet e Arielle Dombasle. Logo no início do filme destaca-se o enquadramento das duas moças de branco queconversam no jardim entre flores roxas, lembrando um quadro a óleo antigo. Também são de destaque as paisagens na cidade praiana. Mas o destaque é um acontecimento que é interpretado de diferentes maneiras pelas várias pessoas que têm a oportunidade de observá-lo. A história girará em torno de sentimentos baseados em interpretações diversas, às vezes contraditórias, da realidade.

O quarto filme, As noites de lua cheia, é baseado no provérbio "Quem tem duas mulheres perde a alma, quem tem duas casas perde a razão". É estrelado por Pascale Ogier, Tcheky Karyo e Fabrice Luchine. Como outros filme de Rohmer, os personagens fazem várias reflexões sobre o amor e a solidão. Louise é uma jovem que vive entre a sua casa em Paris e o apartamento do namorado no subúrbio, além de ter um amigo que está sempre próximo. Ela quer um certo sacrifício do namorado e pergunta: "Por que ele não pode fazer algo enorme por mim, se me ama tanto quanto diz?" A vida entre os dois apartamentos eventualmente trás problemas, que como em muitas ocasiões na vida, não estavam previstos.

O quinto filme, O raio verde, é baseado num poema de Rimbaud, "Que chegue o tempo quando os corações estão apaixonados". A película fala sobre uma féria de verão de Delphine (Marie Rivière) quando ela tem a expectativa de conhecer alguém ou mesmo se divertir com os seus amigos. Mas a realidade destrói os sonhos impiedosamente. Não se encontrando em nenhum dos locais por onde anda, Delphine tem a esperança de num dos últimos momentos do verão conseguir enxergar o raio verde, um fenômeno raro que pode acontecer eventualmente no final do pôr do sol em condições atmosféricas raras. Mas dizem os mais velhos que aquele que conseguir enxergar o raio verde, aquele último raio de sol com coloração excepcional, terá sorte. Assim, assistir a um pôr do sol será a maneira de Delphine descobrir se o seu verão terá sido irremediavelmente perdido ou não.

O amigo de minha amiga é o sexto filme da série "Comédias e Provérbios", nesse caso baseado no dito "Os amigos dos meus amigos são meus amigos". O filme é estrelado por Emmanuele Chaulet, Sophie Renoir, François-Eric Gendron, Eric Viellard e Anne-Laure Meury. Ele conta a história de duas amigas, uma das quais possui um namorado e um amigo que produz uma certa atração na outra. As circunstâncias diversas fazem com que os sentimentos fiquem mudando, intercalando-se paixões e amizades. Como os outros filmes da série, são reflexões sobre o amor na França durante a penúltima década do século XX.

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