sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Sonetos para a amada

Na postagem anterior o tema "Amor" é explorado por meio de sonetos tanto por Petrarca quanto por Camões, onde se pode inferir sobre a influência do primeiro sobre o segundo. Mas esta influência fica mais explícita quando o tema é a morte de suas amadas. Abaixo, momentos distintos (e ao mesmo tempo similares) de grandes poesias.



                        Soneto para Laura, que se encontrava doente.

                        Francesco Petrarca:


A alma minha gentil que agora parte
Tão cedo deste mundo à outra vida,
Terá certo no céu grata acolhida,
Indo habitar sua mais beata parte.

Ficando entre o terceiro lume e Marte,
Será a vista do sol escurecida,
Virá depois, muita alma ao céu subida,
Vê-la – portento de natural e arte.

E se pousasse entre Mercúrio e Luz,
Brilhara mais do que eles nossa bela,
Como só se espalhara a fama sua.

A Marte certo não chegara ela.
Mas se mais alto o seu vulto flutua,
Vencera Jove e qualquer outra estrela
            Soneto para uma jovem, que pereceu num naufrágio.
            Luís de Camões:
Alma minha gentil, que te partiste
Tão cedo desta vida descontente,
Repousa lá no Céu eternamente,
E viva eu cá na terra sempre triste.

Se lá no assento Etéreo, onde subiste,
Memória desta vida se consente,
Não te esqueças daquele amor ardente,
Que já nos olhos meus tão puro viste.

E se vires que pode merecer-te
Algũa cousa a dor que me ficou
Da mágoa, sem remédio, de perder-te,

Roga a Deus, que teus anos encurtou,
Que tão cedo de cá me leve a ver-te,
Quão cedo de meus olhos te levou.




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