Os navegantes que vão e voltam
trazendo e levando mercadorias e lembranças, descansam quando chegam a
uma cidade como Isadora, descrita com maestria por Calvino. Mas o tempo
passou e nos vários giros que o mundo deu, a memória se esforçou para
reter a recordação de uma certa Aurélia, sonhada por Labrunie, numa
noite em que dúvidas amargas o mostraram que "a árvore da ciência não é a
árvore da vida"; ou deliciosas lembranças de uma viagem em que a adorável Carlota conseguiu a cura de uma grave doença. Pobres navegantes... ficaram apenas delicadas
lembranças.
"(...)
a me lembrar das longas viagens em que seu pensamento me seguiu: uma
rosa colhida nos jardins de Chubrá, um pedaço de friso trazido do
Egito, folhas de loureiro colhidas num rio de Beirute, pequenos
cristais dourados, mosaicos de Santa Sofia, uma conta de rosário (...)"
Geràrd de Nerval, Aurélia.
"O
barco que ali atraca com uma carga de gengibre e algodão zarpará com a
estiva cheia de pistaches e sementes de papoula, e a caravana que
acabou de descarregar sacos de noz-moscada e uvas passas agora enfeixa
as albardas para o retorno com rolos de musselina dourada." Italo Calvino, As cidades invisíveis.
"Trouxemos das nossas peregrinações um raio de sol do Oriente, um reflexo de lua de Nápoles, uma nesga do céu da Grécia, algumas flores, alguns perfumes, e com isto enchemos o nosso pequeno universo." José de Alencar, Cinco Minutos.
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